niemeyer

VENEZA 1996

Elaborei centenas de projetos, mas confesso-lhes não me
sentir suficientemente realizado. Meu trabalho nunca atingiu as
classes desfavorecidas, o mundo dos pobres que representa a
grande maioria dos meus irmãos brasileiros. De nada devo
culpar-me. O trabalho de arquiteto exprimirá sempre o
ambiente em que é realizado. Uma coisa conforta-me. Nunca dei
à arquitetura demasiada importância. E por isso mesmo, volto
me para a vida, interessado nos problemas sociais, na
emancipação econômica e política do meu país, na luta contra a
miséria e a ignorância, solidário com os que são oprimidos e
explorados, certo de que um mundo melhor os espera, um
mundo mais justo de amor e solidariedade.

Casa do Baile, Pampulha, Belo Horizonte, 1940

Edificio Copan, São Paulo, 1951

Ibirapuera, São Paulo, 1951

Residência Canoas, Rio de Janeiro, 1953

Palácio da Alvorada, Brasilia, 1957

Catedrale, Brasilia, 1959

Palácio Mondadori, Milano, 1968

Universidade, Constantine, 1969

Panteão, Brasilia, 1985

Memorial da América Latina, São Paulo, 1987

Museu de Arte, Niterói, 1994

Não é ângulo reto que me atrai. Nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homen. O que me atrai é a curva livre e sensual. A curva que encontro nas montanhas do meu país, na mulher preferida, nas nuvens do céu, e nas ondas do mar. De curvas é feito todo o universo. O universo curvo de Einstein.

A fundação Bienal de São Paulo, por delegação do Ministério das Relações Exteriores e em convênio com o Ministério da Cultura é a responsável pela organização da representação do Brasil nas mostras internacionais de arte. Por decisão de seu Conselho, decidiu que deveria a representação brasileira, nesta VI Mostra de Arquitetura, a qual completa a comemoração do Centenário da Bienal de Veneza, homenageá-la com uma exposição retrospectiva da obra do maior arquiteto brasileiro, Oscar Niemeyer para a renovação do movimento moderno tem sido crescentemente valorizada no cenário internacional, culminando, nesta Mostra, com a concessão do Leão de Ouro. A exposição organizada com fotos de obras e desenhos originais especialmente elaborados para esta ocasião, proporcionam um panorama atualizado de sua peculiar maneira de ver a arquitetura e sua história. A Fundação Bienal de São Paulo sente-se particularmente honrada por participar da homenagem ao arquiteto. Edemar Cid Ferreira, Presidente da FBSP